Tuesday, May 28, 2013

Visita

Domingo passado meu tio e mais alguns trabalhadores do aeroporto de Viracopos iam fazer um curso em uma cidade da República Tcheca. O voo deles ia fazer uma escala em Paris e iam ficar um tempo razoável aqui. Ficamos de tentar nos encontrar.

Estava tendo festa aqui na Maison du Brésil nesse dia (tema para outro post), e não ouvi ele ligar no meu celular. Quando vi a chamada perdida, foi um parto para conseguir falar com ele. Não conseguia com Skype, com meu celular e nada. Finalmente consegui mandar SMS pelo Skype, e ele me ligou de novo.

Falou que eles decidiram ver a Torre Eiffell (já esperava isso) e combinamos de se encontrar em baixo dela. Saí meio que correndo porque pelo horário que combinamos para mim estava meio apertado.

Quando saio de um metrô para fazer baldeação, eis que encontro um grupo olhando uma das placas. E quem eu vejo: meu tio. Eles estavam MUITO perdidos.

Daí fui guia de Paris por umas 2h. Levei eles* na Torre (fizemos a baldeação certo), depois voltamos para a Notre Dame, onde compramos 10 kebabs para eles irem comendo no caminho. Foi bem legal (acho que para mim e para eles).





*Eu sei que está errado o pronome, mas quero deixar esse blog com um registro oral.

Conferência

Semana retrasada, de terça a sexta, teve uma "reunião" entre os três principais projetos de Computação Quântica na Europa aqui em Paris, organizado por professores do meu laboratório! Esses projetos são distruibuídos entre várias universidades, então, em geral, todo mundo que trabalha com Computação Quântica na Europa está envolvido com eles.

A reunião foi, na verdade, uma conferência onde os participantes deram palestras sobre os trabalhos que têm desenvolvido com o financiamento do projeto, além de alguns palestrantes convidados.

Foi uma experiência sensacional. O mais legal é que eu só pude participar porque vim para cá; se fosse em qualquer outro lugar, eu não iria poder participar. Foi uma enorme coincidência isso! Pude ver, pessoalmente, grandes nomes da Computação Quântica (Josza, de Wolf, Ambainis, Lee, Vidick e outros físicos que não sei o nome e não conhecia =)). Além disso, deu para ver o que o pessoal está fazendo na área.

Além disso, teve um jantar na faixa para os participantes! Acho que durante os próximos meses, não vou entrar de novo em um restaurante do mesmo nível em que foi o jantar =), então foi mais uma experiência única.

No dia seguinte ao jantar, os meros mortais foram jantar em um restaurante francês (condizente com o valor da bolsa =)). E pude experimentar o escargot!


Histórias aleatórias:

Root beer
Passando por uma loja, o post-doc canadense viu que ela vendia root beer, uma cerveja que ele tinha falado e que só tinha no Canadá/EUA. Compramos para experimentar. Eu achei que tinha gosto de Gelol. O suíço que estava com a gente achou que tinha gosto de anestesia de dentista.

No dia seguinte, contamos a história e decidi procurar na internet sobre isso. E não é que o gelol e a root beer tem a mesma base.

Eu, o suíço e a root beer


Cerca elétrica
Como havia muita gente de diferentes nacionalidades na conferência, o choque cultural é meio que natural. Perguntaram se eu já tinha sido assaltado no Brasil. Contei que uma vez pularam o muro de casa e roubaram o rádio do carro, e que depois disso, colocamos cerca elétrica.

O suíço começou a dar risada. Cerca elétrica para ele é coisa de usina nuclear.

Tuesday, May 14, 2013

Vôlei em Paris

Há umas 2 semanas comecei a procurar lugares para jogar vôlei aqui em Paris. Achei um email de um cara em blog obscuro, mandei email para ele, e ele falou que devido o feriado, só seria depois de 2 semanas. Coloquei na minha agenda. Achei também um grupo no meetup.com, mas lá eles marcam sob demanda (quando tiver alguém para ser o "anfitrião do evento").

Final da semana passada, criaram um evento no meetup no domingo a tarde em um parque a Oeste de Paris. Me inscrevi para o evento.

Então planejei meu domingo: faço um lanche em casa, vou para o parque mais cedo, faço um piquenique lá e depois jogo vôlei. Um bom plano. Acordei cedo no domingo, fui comprar uma baguete, fiz patê de atum e fiz um lanche de patê de atum com queijo emental.

Fui no parque (demorei ~1h para chegar). O lugar é bem legal, tem 2 lagos, e lota bastante. Quando foi dando a hora do almoço, caiu a ficha: eu fiz os lanches, mas não coloquei na mochila! Fiquei com uma raiva de mim! Daí comprei um cachorro quente (que os franceses chamam de "ot dog") e fui para o ponto de encontro.




Lá, um argelino que ia jogar também estava lá. Mais ninguém. Saímos a procura, no caminho achamos mais um cara. Depois de ficarmos em dúvida onde seria e andarmos um bocado, achamos as pessoas armando a rede na grama!

O jogo foi *muito* legal. É legal ver pessoas de nacionalidades sem tradição no vôlei jogando um nível bom. Deu jogo, mas meu time ganhou todos os jogos! No final, quando tive que ir embora para falar com a família no Brasil, me elogiaram bastante! Me senti um ganhador do Troféu Viva-Vôlei da partida. Tomara que combinem de ir de novo!


Daí hoje tinha o jogo do outro lugar. É a umas 5 estações de tram de casa (isso significa que é bem perto). Fui lá, cheguei no ginásio, pessoas aquecendo. Comecei a aquecer também. Depois, como ninguém sabia quem eu era, vieram falar comigo. Eu contei toda a história, daí falaram que hoje não daria porque ia ter uma partida, mas que eu poderia voltar na semana que vem. Insistiram algumas vezes para eu ficar assistindo para ver o nível se estava bom, não sei se porque acham que são ruins ou se acham que eu devo ser ruim. Mas ia demorar uma meia hora para começar a partida daí desencanei e voltei para casa. Vejamos na próxima semana.


Comentários gerais:
No parque domingo, enquanto jogávamos começou a pegar fogo em algum lugar no parque. Apareceram infinitos bombeiros!



Tinha uma peruana de 1,5m no domingo, que eu não dava 5 centavos que ela jogaria vôlei mas ela jogava bem!

Domingo conheci um Googler da França (ele é publicitário e não computeiro, mas mesmo assim é Googler!).

Para finalizar um pensamento do He-Man, porque eu achava que deveria só fazer coisas que não posso fazer no Brasil:


Saturday, May 11, 2013

Basiléia - Suiça

Dia 8 e 9 de maio são feriados na França e, como descobri isso de última hora, comecei a procurar lugares para viajar em que ida/volta/albergue fossem baratos e não fosse longe (dado que só ia poder ficar 2 dias). Olhando no mapa, vi que a Basiléia (Basel em inglês e Bâle em francês) não era tão longe (conhecia a cidade de nome porque tem um campeonato de clubes de vôlei no final do ano nela). Perguntei a um amigo que já morou na Suíça e ele falou que valia a pena. Fui procurar então passagens e hotel barato.

Achei trem para ida em um preço razoável, albergue também (vou falar sobre ele com mais detalhes). E achei uma carona em um site estilo unicaronas da França. Comprei as passagens, reservei o albergue e a carona (isso era segunda-feira e eu ia na terça e voltava na quinta). O cara da carona tinha até terça de madrugada para aceitar meu pedido ou não. A segunda inteira eu ficava atualizando o site para ver se o cara tinha aceito ou não e nada... Até que deu o tempo limite, e o cara não aceitou. Fiquei desesperado para procurar jeito para voltar. Achei um trem bem caro, e como não tinha outro jeito, teve que ser ele. Fiquei me convencendo por umas 2h que seria melhor, já que ganharia umas horas na cidade. Isso quando o cara me manda uma mensagem falando que não tinha conseguido aceitar por causa do deadline, se quisesse eu poderia pedir de novo. Todos os argumentos que eu estava me convencendo foram por água a baixo e fui logo reservar (o cara aceitou, mas demorou algumas horas, já estava ficando preocupado). A passagem de trem eu consegui cancelar sem nenhuma taxa.

Peguei o trem para a Basiléia,  atrasou um pouco e cheguei lá umas 22h10. Fui para o albergue. Como eu havia comentado com muita gente, eu me hospedei o YMCA:



(it was fun to stay there).

Mas para a piada ser completa, olha em que quarto eu fiquei.



E olha a cor da entrada do quarto (não eram todos dessa cor):



Os funcionários do albergue vestidos de índio, cauboi e pedreiro, eu achei melhor não tirar foto porque é muita invasão de privacidade (o policial entra na história mais tarde).

Depois de fazer checkin (umas 23h), não estava com sono e perguntei para o atendente se era seguro andar de noite na cidade. Ele respondeu "Por que não seria?". Espero que ele nunca vá ao Brasil para saber.

A parte histórica da cidade é bem pequena e concentrada e caminhei por quase toda ela, e indo por fim ao lado da catedral (Munster), onde tem uma visão bem legal do Rio Reno, que corta a cidade. Com toda essa atmosfera refinada, comi meu lanche de pão com salame feito às 8h da manhã para não gastar com comida no trem. Bem high society.



No dia seguinte, fui no museu mais importante da cidade. É um museu com pinturas desde o seculo 14 até a atualidade. Muita coisa bem legal. Além disso, estava tendo uma exposição do Picasso, mostrando as fases do pintor.
A tarde fui passear pela cidade de novo (agora de dia), e no final da tarde sentei para tomar sol nas margens do Reno (bem lotadas!).



No dia seguinte fui em um museu de antiguidades mas não pude ficar muito porque queria passar no supermercado antes de pegar a carona. Só que.... era feriado! Supermercados estavam fechados. Tive que comprar chocolate em uma outra loja que era um pouco mais caro (mas nem deu taaaanta dor no coração porque eu tinha que gastar os fracos suiços mesmo =) ).

Peguei a carona!  O motorista era um policial francês que mora perto de Paris, e cujas namorada e família moram na Suíça. Muito gente boa o cara, foi mostrando algumas coisas interessantes no caminho até Mulhouse (lê-se muluse, é uma cidade perto onde pegaríamos as outras 2 caroneiras). Até esse ponto foi mais de boa falar o francês porque ele falava e eu respondia. A partir de Mulhouse, subiram as outras duas moças (uma fotógrafa e a outra trabalha com transporte internacional). Dai foi no modo hard o fracês! Eles falavam bem rápido. Eu conseguia entender o contexto e muitas coisas, mas não conseguia participar ativamente da conversa, a menos quando me perguntavam algo e o ritmo da conversa diminuia. Falaram da Austrália (que uma das meninas tinha morado), fotografia, policiais alcóolatras. Foi uma experiência a parte. Foram 8h de viagem (4h a mais que de trem) mas valeu muito a pena (sem contar a diferença de preço!).

Comentários gerais:

Eu sabia que na Suiça existem várias línguas oficiais, mas como a Basiléia é bem perto da fronteira eu pensei: "alguma coisa de francês eles falam". Ledo engano. Eles falam alemão e quem fala fracês não é tão fluente. Eu acho legal falar alemão já que estudei um tempo, mas não estava preparado psicologicamente para isso. Mas vamos então tentar falar alemão. A maioria das vezes eu conseguia formular as perguntas, mas quando respondiam ou eu não entendia bem a resposta ou a tréplica eu me embananava e começava a colocar palavras em francês no meio (queria evitar o máximo o inglês! acho legal me virar no alemão/francês!).

Tem tram (bondinho) pela cidade *inteira*. É meio bizarro os carros passarem nos mesmos lugares que eles (aqui em Paris, é separado a via do tram e a dos carros).

Encontrei Fanta sabor Manga lá! (Comprei mas não estava gelado, então ainda não tomei).

Comi um croissant de chocolate rechado de toblerone!


Mais fotos aqui.

Sunday, May 5, 2013

Paris


Quando cheguei e fui passear pelo centro eu pensei "Nossa, as ruas de Paris são todas iguais". Hoje vejo que não podia estar mais errado. O centro de Paris é sim muito regular, simétrico e repetitivo. Mas isso se deu por uma reforma no começo do século 19 que estabelece leis para construção por ali. Não que seja feio, muito pelo contrário, mas é tudo muito parecido. Fora que isso causou uma especulação imobilária em Paris gigantesca, dado que os prédios podem ter no máximo 5 andares.



Mas sempre que vou para outros bairros (aqui chamados arrondissemants), me surpreendo e encontro uma Paris nova. O primeiro desses foi o bairro do laboratório em que eu fico (o 13o). Achei tudo muito moderno e muito diferente (inclusive o prédio do meu laboratório é muito bonito, segue uma foto dele).



O Montmartre (bairro onde ficam o Moulin Rouge e a Sacre-Couer) ficou fora da reforma também, porque na época era o reduto boêmio da cidade e acharam melhor não reformar para não inviabilizar a vida de artistas em Paris, o que faria com que a cidade deixasse de ser um dos pólos culturais.






Mas o que me surpreendeu mesmo foi quando fui para o La Defense. Eu chamar o bairro do meu laboratório de moderno é quase uma ofensa para esse bairro.