Tuesday, April 30, 2013

Final da liga de vôlei francesa

Hoje ia ter um festival sueco de comemoração da chegada da Primavera aqui na Cité e eu ia nele com o pessoal do meu laboratório. Mas começou a chover e miou nossos planos.

Pensei em ficar em casa estudando um pouco, já que na quinta tenho que apresentar umas coisas para meu orientador. Mas daí lembrei que hoje a noite ia ter o jogo de ida da final da liga masculina de vôlei francês. Na frente da minha casa! Pensei "vou lá e se ainda tiver ingresso eu entro".

Chegando lá, descobri que dava para assistir o jogo de fora (no alto do ginásio tem um vidro que dá justamente para a calçada). Mas estava bem frio. Fui ver para comprar ingresso e estava uma muvuca, então achei que não ia rolar. Voltei para o vidro e fiquei para assistir o 1o set de fora e depois via o que fazia.

No meio do set fui ver como estava a entrada. Vazia! Perguntei se ainda para comprar ingresso. Dava! 15 euros! Comprei! Fui ver lugar, tinha um na primeira filera, do lado do árbitro. É ali. Fui e sentei e assisti o jogo inteiro de camarate quase.

A liga não é tão forte, e Paris infelizmente perdeu por 3 a 1. Mas a experiência foi muito legal.

Deu para ver como vôlei não é muito reconhecido. O ginásio deve ser menor que o ginásio de esportes de Itatiba e ainda tinha alguns lugares vagos. Os times são cheios de estrangeiros (tinha um brasileiro). E alguns posicionamentos são muito estranhos (o da última foto, o levantador está na 5, não sabia que ele podia ficar à direita do ponta).


PS: Eu não entendia nada dos cantos da torcida e do locutor.







Saturday, April 27, 2013

Compras

Hoje decidi ir comprar um roteador wifi para poder usar o computador na cama, além de ter internet no celular e tablet (afinal, um problema grave do primeiro mundo é não ter internet nos gadgets!).

Fui a um shopping center que fica a uns 15min de tram + metro daqui. Cheguei umas 10h, bem a hora em que tudo abre. Fui primeiro em um Carrefour gigante que tinha lá. Mas é gigante mesmo. Eu me perdi várias vezes dentro do supermercado (também, para andar nele estava fazendo um passeio aleatório).

Depois, fui na FNAC para finalmente comprar o roteador. Escolhi o que queria comprar, e depois fui passear ver o que mais tinha na loja. Achei um livro de mitologia grega por 2 euros (que comprei). Até quando me deparei com uma escada rolante dentro da FNAC. No Brasil isso significaria: a FNAC continua lá em cima. Na França, infelizmente, isso não tinha o mesmo significado. Subi eu na escada rolante e veio um segurança atrás de mim "O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?". Fiquei meio sem entender, depois eu percebi que no andar que eu tinha subido não tinha nada da FNAC. Pedi desculpas ao segurança e expliquei (mais ou menos) a situação. De vergonha, paguei e fui logo embora rápido.

Ponto alto da manhã: Tocar "We are young" no supermercado!

Saturday, April 20, 2013

Laboratório

Terça-feira comecei a ir no laboratório para pesquisar. Cheguei lá e encontrei o meu orientador, conversamos um pouco mas ele tinha que sair logo. Ele me deixou com um outro professor e fomos em um seminário de um post-doc do grupo. Na tarde, consegui uma mesa e um computador (eu ainda não tenho login, mas já tenho o computador). O que me impressionou foi a rapidez de tudo e como quase não tive que mover um dedo, só pedir. A secretária do grupo correu atrás da mesa e o computador foi *completamente* instalado pelo pessoa da infra-estrutura. O que me passou a impressão nessa semana é que eles tem um staff para fazer trabalhos burocráticos e que deixe que o pessoal se envolva mais com a pesquisa.

A tarde e no dia seguinte o meu orientador não estava lá e continuei lendo coisas que estava lendo no Brasil (para quem interessar possa, estava lendo a prova que QIP(3) = PSPACE).

Quinta-feira marcamos outra reunião e participamos eu, o orientador e o post-doc do grupo. Discutimos (onde eu me incluo no sujeito mais pela presença física que presença na discussão) o panorama geral atual da área específica que provavelmente vamos trabalhar e o meu orientador já passou coisas para eu ler para discutir com eles. Uma coisa que achei interessante que ele falou é "Aqui somos peers". Achei um pouco diferente do Brasil.

Sexta-feira teve o bolo da sexta. Parece que existe um rodízio e 2 pessoas são encarregadas de fazer um bolo sexta-feira e levar para o laboratório.

Comentários gerais sobre o laboratório:
- Só falo praticamente inglês. Tem várias pessoas que não são francesas e algumas delas não falam nada de francês.
- Franceses não estão acostumados com vários sobrenomes. É meio variável onde meu documento para poder entrar no prédio. Tem dia que é no B e tem dia que é no G.

Termino com uma história sobre uma coincidência enorme que aconteceu no laboratório.

Na hora que a secretária foi me levar na minha mesa, tinha uns papéis e uma pasta em cima dela. Como boa francesa ela não quis nem saber, jogou os papéis no lixo e levou a pasta com ela para guadar.

Mais tarde chega um cara e senta na mesa do meu lado. Ele fala comigo, em francês:
Ele: Você fala francês?
Eu: Sim, um pouco.
Ele: Não tinha umas coisas em cima da mesa?
Eu: Tinha, a Noelle jogou no lixo. Ah, e ela levou com ela a "paste"

Eu não sabia falar pasta em francês então usei a técnica de falar português afrancesando as palavras. Ele percebeu:

Ele: "Você é brasileiro?"
Eu: "Sim, e vocẽ é da Unicamp, não?"

Eu tinha achado que ele parecia um cara da Unicamp que conhecia de  vista. E de fato era ele! O mundo é muito pequeno (ou como diria um professor de economia, a renda que é concentrada).

Monday, April 15, 2013

Chegada

Saí do Brasil no sábado dia 13, com voo para Paris fazendo escala em Madrid. No avião, sentei do lado de uma garota que estava indo fazer intercâmbio na Irlanda e tivemos várias smalltalks durante o avião. Chegando em Madrid, no mesmo que eu estava chegando há 4 anos, bateu uma nostalgia!

Esperei 2h e peguei o voo para Paris. Aqui chegando, depois de muita demora, peguei as malas e fui para a Maison du Brésil. Aqui chegando, fiz o check-in e fui dar uma cochilada (porque não consegui dormir quase nada no voo). Depois, falei com um casal de amigos meus que está estudando aqui em Paris e ela me chamou para jantar com um pessoal brasileiro.

Então fui exercitar o meu poder de estar em Paris e fui andar um pouco pela cidade. Fui nos jardins na frente do Louvre. Estava muito sol e calor, e na Europa isso significa que o parque estava lotado. Finalmente consegui definir um conceito de como europeus se vestem: comercial de perfume!

Comi um crepe porque não tinha almoçado e fui para a casa dos brasileiros. Lá chegando, fui no apartamento dos meus amigos e eles não estavam lá. Então, fui no outro apartamento que ela me passou de fallback. Chegando lá, tinha um brasileiro e ficamos conversando e logo depois a galera começou a chegar. Encontrei muita gente da Unicamp e foi uma noite bem legal!

Hoje, no segundo dia, acordei cedo e terminei de fazer o checkin, fui no supermercado (comi meu primeiro croissant francês!), abri conta no banco (em francês!) e almocei no restaurante universitário!

A seguir, algumas fotos dos 2 dias!






Thursday, April 11, 2013

Consulado


Para dar entrada no pedido de visto, eu tive que ir para o Consulado da França em SP (que fica na Paulista, bem perto do MASP). Ia pegar carona via Unicaronas às 7h30 (para descer na Barra Funda) e dado minha neurose com horários, marquei o mais tarde possível no consulado para ter certeza que ia dar tempo de chegar. Resultado: cheguei antes das 10h e minha entrevista era somente às 11h25.
Cheguei no consulado, demorei um pouquinho para conseguir achar o lugar de visto, e quando achei, conversei com uma moça que estava esperando por sua entrevista também. Ela era gaúcha, o que rendeu uma conversa de como é caro vir para SP de algumas regiões para tirar visto.

Num meio tempo, chega um cara e senta em uma das cadeiras e a moça é chamada para sua entrevista. Logo depois chegam duas moças, uma brasileira e uma francesa. A configuração das cadeiras era:
Francesa | Brasileira | Eu | Cara
Em um meio tempo, a brasileira e o cara começam um diálogo (sendo que eu estava, fisicamente, no meio deles):
- Oi, você que é o Osório?
- Sim, sou eu. Como você sabe?
- Ah, é porque por sua causa eu estou com problemas de tirar meu visto.

Eles explicaram a situação: o cara vai fazer doutorado sanduíche na França, e começou por tirar um visto de estudante. Mas por algum motivo a Universidade de lá quis que ele tirasse um de trabalho (que precisa de um documento emitido pela prefeitura francesa). Por causa disso, não deixaram a brasileira tirar o visto de estudante, já que se para ele não foi possível, para ela também seria.

Nisso eu fico desesperado (inclusive minha expressão denotou isso porque perguntaram se esse era meu caso também), porque eu ia tirar o visto de estudante, e se eu tivesse também que tirar o outro, ia ser uma burocracia que não sabia se permitiria viajar no período desejado.
Nesse meio tempo, descubro que a brasileira e a francesa são Unicampers. E ainda mais, eu já tinha conversado com a brasileira na recepção dos ingressantes da Pós realizada pelo Pró-pós no ano passado!

Nisso, a gaúcha saiu da entrevista (deu tudo certo), o Osório pegou seu visto de estagiário e a brasileira foi chamada para entrevista. O problema é que ela foi meio dura com o funcionário do consulado (e ele com ela), o que me deixou mais preocupado, pois acima de tudo, ele estaria de mau-humor. Fiquei bem tenso.
Nisso chega uma outra moça, que ia ser au pair e conversamos um pouco. A brasileira saiu de sua entrevista (com burocracias para correr atrás) e a au pair foi chamada para entrevista. Eu era o próximo!  Comecei a andar de um lado para o outro de nervosismo (nesse meio tempo fui chamado de senhor por um cara de mais de 60 anos!).

E finalmente, me chamaram! Eu era o próximo. Como muitas vezes, minhas preocupações foram em vão. Deu tudo certo, os documentos estavam em ordem, e o funcionário do consulado foi muito simpático. Uma semana depois meu visto estava pronto e fui buscá-lo.

Saturday, April 6, 2013

Língua Francesa

Começo do ano passado, enquanto eu ainda fazia projeto para a FAPESP e fazia planos para o futuro, decidi começar a estudar francês, uma porque eu já estava namorando esse grupo de pesquisa e também porque era uma língua que eu não falava/entendia nada.
 
Fiz então 2 semestre no CPL. Achei o curso muito bom para um contato inicial com a língua, mas, depois que deu certo minha ida à França, eu vi que precisava de aulas particulares para melhorar fala/escuta para não chegar falando igual ao Joey. Falei então com a minha professora no último semestre para ver se rolava fazer a aula. Ela estava meio relutante no começo, dado o caráter experimental que seria nossas aulas, mas o resultado final foi muito bom na minha opinião.

Eu tenho certa facilidade em aprender línguas e gosto de estudar as regras da gramática (provavelmente isso está correlacionado com meus estudos de computeiro e, mais especificamente, linguagens formais).  Já estudei previamente português (má vá), inglês, espanhol e alemão, e com certeza todas essas línguas me ajudaram a conseguir ler em francês precocemente (inclusive, quando fui a Paris a passeio, pegava jornais no metro e conseguia entender o contexto geral das matérias sem nunca ter estudado).

Falar eu até que me viro no portucês (equivalente do portunhol para francês e português), mas o que tenho um pouco de dificuldade na escuta. Na minha opinião, 3 características dificultam o meu entendimento:

1. Letras não pronunciadas. Uma vez na aula tinha no áudio os seguintes sons: cáconcré. Não tinha a menor ideia do que poderia ser. Foi quando minha professora de francês deu umas dicas e daí eu entendi que era "cas concret", o que num contexto, daria para entender que era "caso concreto".
2. Vários grafias com o mesmo som. Então quando você ouve, saber como é escrito originalmente fica difícil. Á última língua que havia estudado era alemão, em que a bijeção fonemas<->letras é muito bem comportado.
 
Uma coisa interessante é que comecei a perceber como esse problema aparece no português também! É muito legal ver coisas que são difíceis quando se aprende a língua estrageira, mas que para mim é muito simples na língua aprendida em casa.
3. Le liason. O francês falado corretamente obriga que certas palavras se liguem na fala, como o caso de palavras que terminam com z/s e palavras que começam com vogal.  Em português temos isso também, mas não é obrigatório, é uma coisa do dia-a-dia.


Além das aulas, comecei a assitir vídeos e ler notícias em francês, para tentar aumentar o vocabulário.  Hoje, acho que me viro falando francês. Obviamente no começo não vou conseguir discutir sobre a influência da literatura medieval do nordeste da frança no léxico atual do francês, mas vou conseguir comprar croissants, queijos e vinhos. Além disso, espero conseguir ter conversas de café no laboratório.

Pretendo, lá na França, fazer outro post sobre o mesmo tema, contando como foi a chegada nas questões linguísticas.


Finalizo com um agradecimento às minhas professoras de francês, Lílian, Aline e Nina. Com certeza vocês foram fundamentais para a minha evolução e chegar no estado em que estou.

Tuesday, April 2, 2013

Título, subtítulo e logo

Este post é mais para explicar o porquê do título, subtítulo e "logo" deste blog.

Fiquei algum tempo pensando sobre qual seria o título do meu blog. Não queria uma coisa muito normal como "Alex na França" e afins. Pedi ajuda para alguns amigos, e sempre vinha alguma ideia relacionada à comida. Então pensei na comida francesa mais conhecida aqui, e um pouco do meu tema de pesquisa (estudo Computação Quântica para quem não sabe). Resultado disso, vem a imagem, que mostra uma superposição de um croissant inteiro e um croissant comido (a licença poética me permitiu não colocar as amplitudes 1/sqrt(2) para não poluir mais a imagem).

Finalmente, o subtítulo é homenagem ao quadro "Le trahison des images" do pintor belga René Magritte.