Friday, August 23, 2013

Rússia - A volta

Previously in Croissants quânticos

Assim que acabou a conferência, todos os russos se viraram para ir embora, enquanto que os estrangeiros não tinham tanta flexibilidade de horário, só iriam embora no dia seguinte. Combinamos de ir jantar e dar uma andada pela cidade.

Uma hora, estavamos vendo no mapa o que fazer, um nativo passou por nós de bicicleta e ficou olhando dando risada. Achei bem deselegante.




No dia seguinte, era o dia de voltar para a França. Estava meio ansioso porque estava esperando uma aventura igual a da ida. No final, tudo que deu errado na ida, deu certo na volta. Consegui despachar a mala direto para Paris e fiz checkin da viagem inteira em Ecaterinenburgo. O único ponto a se ressaltar é a desconfiança da mulher na imigração para eu sair da Rússia. Eis o diálogo (traduzido):
Ela: Você é brasileiro?
Eu: Sim.
Ela: E você vai para Paris para pegar o vôo de volta para o Brasil?
Eu: Não, eu moro em Paris.
Ela(com uma cara de desconfiada): Mora em Paris?
Eu: Sim, tenho visto. Pode olhar.
Ela, ainda com cara de desconfiada, olhou o visto, passou a unha para ver se não era falso e falou: OK, pode ir,

No avião, estava em um assento no meio. Do lado tinha uma mulher de meia idade forte. Ficou meio apertado eu do lado dela. Ela me solta um:
- É ruim duas pessoas grandes juntas, né?

No final a terceira pessoa não veio, e sentei na janela.

Eu vi que a mulher estava querendo conversar também, e na primeira oportunidade de smalltalks, começamos a conversar. Ela estava indo da Rússia para a França para o casamento da filha dela, que veio estudar aqui, conheceu um francês e ia se casar com ele. O pai da menina não aceitava o casamento e não ia. A mulher era professora de inglês, então foi tranquilo conversar com ela. Papo vai, papo vem, perguntei "E como era viver na URSS? Qual o sentimento de vocês hoje?".

Primeiro ela começou a falar que era bom para casais jovens, porque o futuro era menos incerto. Trabalho ia ter, então era mais seguro. Mas a parte que achei mais curiosa, é quando ela começou a ter uns argumentos de morais e bons costumes. "Naquela época, as mulheres não fumavam" e por aí vai. É bem curioso, porque isso são argumentos da direita brasileira.

Termina aqui minha trilogia sobre a Rússia. As fotos podem ser encontradas aqui.

Wednesday, July 17, 2013

Russia - A estadia

Previsouly, in Croissants Quânticos:
Rússia - A ida

Dormi 2h, e acordei 7h45, ~1h45 antes do início do congresso para tomar café e descobrir como chegar na universidade, onde seria realizado o congresso. No meio das atividades matinais, o cara que dividia quarto comigo semi-acordou e falou que se eu quisesse esperar, 8h15 ele tinha combinado com outras pessoas para tomar café e depois ir para o congresso. Já vestido, deitei e esperei. O cara acordou finalmente depois de um tempo, e tivemos uma interação maior: ele era russo, morava em Moscou e estava na graduação. Encontramos o pessoal, e descemos para tomar café.

O café da manhã na Rússia tem algumas características bizarras:
1. Eles comem salada! Tinha tomate, pepino, uma mistureba de legumes.
2. Eles comem bastante coisas com ketchup e maionese.
3. Tinha uma comida muito gordurosa, cuja consistência lembra canjiquinha.
4. Tinha arroz-doce!

Tomamos café e fomos, a pé, para o congresso. No caminho eu ia dando meus primeiros passos em decifrar o alfabeto cirílico (que havia começado a estudar na sala de embarque do aeroporto). Passamos por uma Igreja Católica Ortodoxa no caminho, que mais tarde fui descobrir que foi

 a igreja construída sobre o lugar em que foram mortos os últimos czares russos.


Resumindo bastante as palestras os 3 dias de congresso.
As palestras foram, em geral, muito boas. Teve uma palestra sobre Algoritmos de Aproximação e Programação Semidefinida que não gostei tanto porque ele ficou muito tempo falando coisas básicas de Algoritmos de Aproximação, então nada de novo. A palestra de Local Lovasz Lemma tinha um assunto interessante, mas o palestrante não era bom. A palestra (que teve só um dia) sobre Algoritmos e Limitantes inferiores foi de longe a melhor. Assunto muito legal e palestrante bom. E por último a palestra de Complexidade de Kolmogorov foi legalzinha. O palestrante era muito bom, ele sabe ensinar, parece que deu aulas para crianças de matemática, então tem técnicas para prender a atenção. Mas de tanto interagir, tinha horas que ele perdia as rédeas da palestra.

As palestras dos alunos foram rápidas (10min somente), e tinha algumas com temas bem interessantes. Apresentei (na correria, porque senão não daria tempo de falar tudo o que queria), tiveram algumas perguntas, e não foi nada demais. Depois um cara elogiou meus slides, que eram bem didáticos.

Vou agora comentar alguns pontos interessantes dos 3 dias de congresso.



Comida
No primeiro dia fomos em um restaurante a la carte e fui conservador, pedi strogonoff
.
Nos outros dias fomos em um restaurante em que pediam os a comida que estava exposta e a pessoa colocava no prato. Os russos diziam o nome da comida. Os estrangeiros apontavam para o que apetecia visualmente.


Não gostei tanto das comidas do coffee break. Como era de graca , obviamente comi, mas os temperos eram estranhos sendo tudo agridoce.

Bebida
Acho que Os russos tem trauma do inverno e não bebem nada gelado. Estava muito calor e não quando você pegava algo "gelado" era um porquinho menos quente que a temperatura ambiente.

Experimentei uma "Coca-cola" russa. Tinha um gosto estranho, parecia remédio.


Eles tomam muito suco de tomate. E é horrível. parece que você está tomando ketchup.



Saída
No segundo dia do congresso, houve um passeio, subimos para a torre mais alta da cidade, onde dava para ter uma vista 360 graus.

Depois, fui com um pessoal para um barzinho. Para começar, a entrada do barzinho era muito legal. A porta era tipo uma estante de biblioteca, e a entrada era uma "passagem secreta". Lá sentamos em uma mesa longa. A maioria dos russos não foram no passeio, e já estavam lá. Chegamos e nos juntamos a eles. Passa algum tempo, e um russo que já estava lá fala em russo com um cara que estava com a gente. Perguntei o que era, falaram que queriam fazer uma permutação de lugares. No final, o decidido foi rearranjar as mesas, de modo que todo mundo conseguisse conversar com o pessoal de fora! Me senti um popstar! 


Os russos são fechados de início, mas depois do primeiro shot de vodka começam a se abrir! Aprendi que, enquanto no Brasil, pessoas falam que consideram muito umas às outras, na Rússia o papo padrão de amigos bêbados é:
- Você me respeita?
- Claro (parece que é muito importante responder *claro*. Sim, é tido como ofensa!).






Saímos do barzinho e a galera queria ir em outro (era cedo, umas 23h, ainda) e estava muito sol (escurece, no verão, depois da meia-noite). Andamos pela cidade, quando deu meia-noite decidi ir embora porque iria apresentar no dia seguinte. Foi uma decisão muito sábia. Quando fui tomar café-da-manhã, no dia seguinte, o pessoal que continuou estava chegando aquela hora.

Ganhador de melhor foto

Ao subir na torre, a guia falou que ia ter um concurso de melhor foto de quem quisesse participar, era só enviar por email. Enviei a minha. No final, só três pessoas mandaram e todas ganharam o prêmio. E não é que ganhei o concurso?! Ganhei um chocolate, um daqueles "globos de neve" e um imã de geladeira.


Vivendo na Rússia
Os russos falaram que falar sorrindo (tipo "bom-dia"),  não é bem-visto na Rússia, porque parece que você está dando risada da outra pessoa. Eu, o italiano e o espanhol achamos o fim do mundo, já que em nossos países é o contrário, talvez.

Coincidências da vida
Há quatro anos atrás fiz intercâmbio na Universidad Complutense de Madrid, onde fiz aulas no Instituto de Matemática e no de Computação. Um italiano fazia intercâmio no mesmo período, na mesma universidade e no mesmo instituto. Não nos conhecemos. Fomos nos conhecer 4 anos mais tarde, em uma escola de computação em Ekaterinenburgo.

Alfabeto cirílico
Fui me tornando um expert em alfabeto cirícilo. Conseguia ler palavras (falar elas altas), no final, até que razoavelmente bem. Entendê-las são outros quinhentos, mas já conseguia pronunciar. Até fui elogiado pelos meus conhecimentos de russo e por umas dúvidas mais avançadas que eu tinha.

Bredariol Grilo, Alex

Privada (ATENÇÃO: a seguir podem existir informações que você não queira saber!)
A privada do quarto do hotel e da universidade eram bizarras. Ao invés de serem

elas são


.

Tem um platô no meio da privada. Quando fiz xixi, o xixi ficou todo nesse platô! Ele não escorreu para a água. Então quando fui fazer um depósito no Banco de Boston, ficava preocupado com medo do overflow (o platô era meio alto!). Dei várias descargas no meio do caminho para desalocar recursos.



Friday, July 12, 2013

Rússia - A Ida

Fui aceito para apresentar meu trabalho em uma escola de computação que na cidade de Ekaterinenburgo, uma das maiores cidades russas nos Urais. Não havia voos diretos, então comprei um voo da Air France via Moscou. A escala seria de 1h30, tempo suficiente de descer de um avião, passar pela imigração e pegar o outro. No entanto, descobri no aeroporto de Paris que a minha mala não teria como ser despachada direto para Ekaterinenburgo, mas para Moscou e lá teria que despachar de novo. Fiquei preocupado se o tempo daria, e a moça respondeu, "É sempre assim, e sempre dá tempo". Pensei e isso fazia sentido, então minha preocupação diminuiu.

Entretanto as coisas não seriam tão fáceis na Mother Russia. Descemos do avião no tempo correto, e entrei na fila da imigração. Depois de esperar uns 15min, é a minha vez e me avisam que estava faltndo eu preencher o papelzinho da imigração (se tinha indicado em algum lugar que era para eu preencher isso, era em russo).

Vai o Alex procurar esse papelzinho. Finalmente encontra e pega papel. Procura caneta. Não acha. Despeja toda mochila no chão do aeroporto. Acha a caneta. Preenche a ida e deixa para preencher da volta quando for embora. Volta para a imigração. O atendente fala para preencher a volta. Preenche a volta. Volta para o chão e preenche a volta. Volta para a imigração. Finalmente dá certo.

Fui então pegar a mala, e com a minha demora da imigração, ela já estava na esteira. Daí fui correndo procurar o guichê da Air France para fazer o check-in. Lá me avisam que não era lá, era em outra empresa em outro terminal, dado que o voo seria feito por uma empresa parceira da Air France, a empresa russa Aeroflot. Fui correndo para outro lugar. O lugar de checkin com atendentes estava explodindo de gente (ia demorar umas 2 horas). Pedi ajuda para um cara da empresa para tentar fazer checkin nos checking automáticos mas não deu certo (coloquei meu last name "Grilo" e o número do voo e aparecia que eu não estava cadastrado). Comecei a entrar em pânico, porque ninguém sabia de nada e decidi voltar na Air France. Se lá não soubessem, ia tomar uma atitude muito madura. Ia sentar e chorar.

Quando voltei lá me avisaram que não daria mais tempo porque para fazer checkin tem que ser 40min antes do voo, então iriam mudar o horário do meu voo. Isso foi um alívio, pois para quem não sabia o que teria que fazer, esperar 6h era tranquilo.

Fui então fazer checkin do meu novo voo, ainda no totem da outra empresa. Não consegui de novo. Pensei, vamos tentar Bredariol (meu nome do meio), como last name, só para tirar o peso da consciência. FOI! (nem Zeus sabe o que teria acontecido se eu tivesse feito isso na primeira vez). Despachei a mala, e fiquei esperando por longas 6 horas no aeroporto de Moscou.

Nesse meio tempo, decidi dar de presente para mim um jantar russo. Perguntei para um cara da informação onde tinha comida russa no aeroporto. Ele olha com uma cara estranha "comida russa?". Eu, "é, comida russa", pensando, "vocês são russos e vocês devem comer alguma coisa, não?!". O cara falou que não ia ter. Decidi comer um hambúrguer mesmo.

Uma hora antes do voo, já estava esperando na sala de embarque para não correr o risco de perder o voo novamente. Me senti em um jogo de War. Ouvia frequentemente Vladvostok, Omsk... Foi quando avisaram que o voo para Ekaterinenburgo seria atrasado 2h. Tive que esperar, fazer o que?

Finalmente chamam para embarcar. Sentei na minha poltrona (corredor para poder esticar as pernas) e logo depois chegam as pessoas para sentar do meu lado. Uma mulher, um homem E UM BEBÊ! Pensei "não é meu dia mesmo". Quando peguei no sono o cara pediu para sair e tive que levantar, foi quando por mímica eles perguntaram se eu não queria sentar na janela para eles não me atrapalharem tanto. Nesse meio tempo descobri que a mulher falava alemão (porque inglês, *nada*).

Chegando em Ekaterinenburgo, decidi pegar um taxi. Eram 4h45 e eu teria que esperar mais de uma hora para pegar ônibus/trem e não conseguiria dormir nada. No guichê do Taxi,  não falavam inglês. Mostrei o papel com o endereço do hotel em letras garrafais, a mulher escreveu dois preços em um papel (pelo menos os algarismos são arábicos), não sabia a diferença e escolhi o mais barato. Ela falou alguma coisa, obviamente não entendi, daí a mulher que sentou do meu lado no avião falou que demoraria 15min até o taxi chegar. Esperei e cheguei, finalmente, no hotel. Falavam inglês, me indicaram o quarto (ia dividir com um cara, o que foi acertado pela organização do evento),
bati o cara abriu e me deitei por 2h.


Água com gás

Tenho um problema recorrente com água com gás. O primeiro ponto é que eu não gosto de água com gás. Daí, nas minhas viagens durante meu intercâmbio em Madrid, estava na República Tcheca. Fui no supermercado para comprar água. Pego uma garrafa, pago. Quando vou abrir: "tchhh". A água tinha gás. Como tinha pago, bebi.

Em seguida fui para a Áustria. Fui no supermercado comprar água e pensei "estudei 1,5 ano de alemão. sei como se fala água com gás". Peguei uma garrafa, achei que não era. A hora que abri: "tchhhh". Olhei de novo e vi "ah, acho que essa palavra é bolha, mesmo".

Quatro anos depois, no aeroporto de Moscou, decidi comprar uma água em uma máquina. Tinha uma mais barata e uma mais cara e maior. Pensei "estou com muita sede, vou comprar a maior". O rótulo estava escrito em russo. Quando pego a água na mão, vejo a parte do rótulo em inglês "Sparkling water". Bebi, de novo, fazer o que.

Thursday, July 4, 2013

Torneio de Vôlei

Eu achei um lugar para jogar vôlei semanalmente aqui em Paris e o pessoal com quem eu jogo estava precisando de uma pessoa para fechar o time para um torneio. Seria um dia em que eu estaria livre, então decidi participar. Eu estava esperando um torneio como os estudantis que participei no colégio: um chaveamento, mata-mata e melhor de 3 sets (dado que todos os jogos seriam no mesmo dia).

O Torneio ia acontecer em uma cidade perto de Paris chamada Rungis. Combinei de ir com um pessoal de trem e nos encontramos na estação. Demoramos 1h até chegar no local do torneio (chegamos na estação, um cara com carro do time foi nos buscar para levar até o local do torneio). No dia anterior tinha ficado na cozinha do 2o andar da Maison du Brésil com um pessoal até umas 3h. Ou seja, dormi só 3h antes da competição.

Chegando lá, descobri que a fórmula era totalmente diferente. Havia 9 times e jogava todo mundo contra todo mundo por 20 minutos, tendo 3 jogos em paralelo em 3 quadras, uma ao lado da outra. No final, o placar era passado para a organização e o campeão seria o que tivesse mais pontos no final. Achei um critério bem estranho, dado que o nível do jogo influencia diretamente a rapidez com que o jogo flui, fazendo times ganhar mais ou menos pontos. Os árbitros da partida eram pessoas das equipes que estavam descansando na rodada.


Quadras

Campeonato rolando

Pela manhã, jogamos 4 vezes, perdemos a primeira e ganhamos as 3 últimas. Na pausa para o almoço, fomos ao McDonalds (assim como todo mundo que estava no torneio, dado que só tinha isso perto).

Na tarde, ganhamos a primeira, e depois dela jogamos com o time mais forte. Todo mundo queria muito ganhar e começamos a discutir mais em quadra. No final, perdemos feio. Nas outras 2 partidas, o cansaço já estava batendo em todos e perdemos as outras 2.


Equipe VRG após os jogos


No final de tudo teve uma confraternização, onde entregaram troféus para todas as equipes (tamanhos variando conforme a colocação). Se fosse por vitórias, teríamos ficado em 4o, mas com o outro sistmea de pontuação, ficamos em 6o.


Classificação final






Troféu de 6o lugar

Também tiveram 2 troféus paralelos: combativité (sangue no zóio), e fair play. Surpreendentemente, minha equipe foi campeã no fair play (há quem diga que isso só aconteceu porque eu não falo bem francês)


Troféu Fair-play

Voltamos para Paris. Como tinha dormido quase nada, estava morto. Cheguei em casa, falei com a famlília, e dormi, estava com preguiça até de comer.

Pontos rápidos:

Apito
Ao invés de assoprar o apito, eles tem tipo uma borracha para apertar e fazer o vento para o som. Bem mais higiênico, dado que muita gente ia usar o apito durante o dia.


Apito



Já me irritava um pouco no começo, mas quando estava cansado, o (des)posicionamento em quadra da minha equipe me irritava bastante.

O que achei legal é que os times tinha de tudo. Pessoal mais velho, mais novo, homem, mulher. Gente jogando em 4, em 5, em 6.

Quando eu errava bola fácil eu gritava "CARALHO". NO final os franceses começaram a me imitar.

Wednesday, July 3, 2013

Chateaux de la Loire

Existe um site na internet chamado Polyglot, que tem o objetivo de pessoas se ajudarem a aprender novas línguas. Ouvi um amigo meu aqui falando sobre ele e decidi ver como é. Ao tentar criar uma conta, descobri que já havia criado uma há 8 anos trás (isso mostra quanta informação pessoal temos espalhada pela internet e esquecemos). O site é bem ruinzinho, mas o que achei legal é que existem alguns eventos vinculados a esse grupo. Um dos eventos em que fui várias vezes é uma noite em um barzinho destinada a pessoas praticando outras línguas. Fui umas 4 vezes e é bem legal, primeiro porque dá para treinar o francês, mas também porque falo com pessoas aprendendo português (acho muito legal ver a dificuldade em aprender português porque me faz refletir sobre tudo que aprendemos sem perceber quando somos crianças), e por último e não menos importante, porque dá para conhecer muita gente bem legal lá.

Esse grupo organiza algumas excursões de vez em quando, e me inscrevi para ir para uma excursão aos castelos de la Loire (Chateaux de la Loire), uma região com várias residências de vários reis franceses. Em geral, não gosto de fazer turismo em excursão (tudo já está 100% definido, os horários são fixos), mas se tiver outra excursão para algum outro lugar feita por esse grupo, com certeza vou. Foi um experiência fantástica: passei um fim de semana falando somente francês e conheci pessoas *muito* legais. O legal desse tipo de excursão é que as pessoas vão pré-dispostas a conhecer outras pessoas. Inclusive vai muita gente sozinha, como eu fui.

A viagem começou cedo (saímos às 7h), e lá encontrei algumas pessoas com quem já tinha conversado no barzinho. O pessoal estava com sono na ida então não teve muita interação. Fomos primeiramente ao Chateau de Chanonceau, um castelo que foi construído em cima de um rio. Ficamos lá umas 3h. Uma coisa bem legal desse castelo é que em cada ambiente, colocam um vaso enorme de flores diferente, daí cada sala tem um cheio diferente. Dá uma experiência sensorial bem legal.







Em seguida, fomos para Tours, uma cidade da região, onde passaríamos a tarde e a noite. O traslado para Tours foi bem mais legal, porque o pessoal estava acordado. Sentei do lado de um cara de Reunion (departamento ultra marino francês), e foi engraçado porque ele estava conversando com umas meninas e quando eu sentei ele falou: "ah, ele nem precisa falar de onde é, está na cara que é alemão". Olhei com uma cara e falei "é, mas sou brasileiro". Depois disso, toda vez que conversávamos com alguém novo, perguntávamos de onde achavam que eu vinha, 80% respondia da Alemanha (inclusive duas alemãs! elas inclusive criaram uma personalidade alemã para mim, me chamo Markus Meyer e sou originário da Bavária).

Chegando em Tours, fomos para o Hotel deixar as coisas e acabei ficando no quarto do cara de Reunion e um mexicano. Saímos logo em seguida para conhecer a catedral e o centro velho (isso um grupo de ~15 pessoas). No centro da cidade fomos a um Café (Café na França é quase um sinônimo de barzinho para mim). Nisso já era tarde  e fomos jantar. Depois de procurar um pouco, encontramos um restaurante que comportasse todo mundo. Uma refeição em restaurante na França demora, em 15 pessoas então... Saímos de lá era mais de 23h. Algumas pessoas foram para o Hotel se trocar para ir para uma festa que estava no programa da viagem(nesse grupo estavam meus 2 companheiros de quarto), e outro grupo (eu inclusive), fomos a um café por um tempo para depois voltar para o Hotel e se preparar para o dia seguinte.



 Voltei para o Hotel, tomei um banho e dormi. Mais tarde meus companheiros de quarto chegaram e bateram na porta. Acordo depois no meio da madrugada, vou olhar o horário no meu celular que estava carregando do outro lado do quarto quando vejo que um cara tinha sumido (na cama dele não tinha lençol, cobertor ou travesseiro). Como estava com sono, ia voltar dormir e de manhã eu me preocuparia com isso. Foi quando resolvi ir no banheiro (e para ir para lá precisava passar por um pequeno Hall). Quando tento abrir a porto para o Hall, eis que vejo que o cara estava dormindo lá no chão (como eu bati a porta nele, ele acordou e me explicou que o outro cara estava roncando muito -- não, não era eu roncando) e não estava conseguindo dormir.

No dia seguinte acordamos, tomamos café e partimos para Blois para ver o segundo castelo. Foi legal mas foi o castelo que menos gostei. Almoçamos e depois partimos para outro castelo, o Chateaux de Chambord.






O Chateau de Chambord é inc;ivel. Devido a esse castelo, tive que ensinar a expressão em português "fechar com chave de ouro". O castelo era *muito* grande e muito bonito. E lá de cima tinha uma vista muito legal. Se tiver que escolher somente um castelo para ir, essa deveria ser a escolha.





Depois voltamos para Paris, e na viagem de volta todo mundo estava um pouco cansado. Todo mundo trocou email/telefone/facebook mas ainda não marcamos nada (eu tentei marcar uma vez mas não deu certo).


Comentários gerais:
1. A época dos reis era uma ostentação sem tamanho. Os reis construíam castelo para se mostrar mais poderosos que seus antecessores e moravam menos de um ano lá.

2. Acho que as pessoas eram desnutridas. Tinha umas camas, que eu acho que não cabia metade de mim (isso só pela altura, não pela largura!).

3. Fazendo esse post dá para perceber o quanto pessoas são importantes na história. Fui para 3 lugares muito legais, mas mais da metade da história que tenho para contar foi na interação com o pessoal.


Fête de la CIté

Anualmente, ocorre na Cité Universitaire (conjunto de residência de vários países na qual moro), um evento chamado Fête de la Cité (Festa da Cité). São dois dias e meio (começa sexta a noite e vai até domingo),
em que cada casa faz alguns eventos (apresentação de dança/música, festa, comida, etc.), na tentativa de mostrar um pouco de sua cultura para o pessoal de outras casas (e inclusive de fora da Cité).

Na sexta a noite, comemos Raclete na casa da Suíça e depois fomos procurar coisas para fazer. Passamos  por várias casas, em algumas tinha coisas bem chatas (concerto de saxofone -- sim parece, legal, mas estava muito chato; um seminário sobre teatro de sombras grego) ou canceladas. No final, sempre iamos para alguma casa e voltávamos para a casa da Suíça, onde tinha um show de rock. Finalmente encontramos depois na casa da Bélgica uma festa mais animada e ficamos por lá.

No dia seguinte, combinei com o pessoal do meu laboratório de comer na casa da Índia. Comemos (comida bem apimentada) e depois levei eles em um ateliê de forró que teve na Maison du Brésil. Eles gostaram bastante. Voltamos então para a casa da índia onde teve shows de música e dança indiana, com destaque para as danças de Bollywood, bem animadas.

Pessoal do laboratório com bebidas típicas da Índia

Barracas de comida da Índia

Ateliê de Forró


Depois disso, andamos um pouco pelas casas, e voltamos um pouco para a Maison du Brésil para descansar. Mais a noite,saímos a caça de mais coisas para fazer e no final fomos para uma festa que teve na Maison Internaciontale (a principal casa da cité, onde tem o restaurante, piscina, etc).

No dia seguinte foi a festa na Maison du Brésil. Ajudei a arrumar cedo, dado que o meu tio ia estar em Paris naquele dia (para vocês verem como esse post está atrasado). Fizemos caldinho de feijão (era para ser feijoada, mas no final não deu certo) e tocamos música brasileira. Foi bem animado!

Saí no meio da festa para encontrar meu tio (detalhes aqui), e quando voltei estava tendo quadrilha. Fiquei um pouco e depois fui embora porque tinha um aniversário à noite.

Foi bem legal e deu para provar comidas de outros países, além da CitéU ficar bem movimentada e cheia de coisas para fazer

Tuesday, May 28, 2013

Visita

Domingo passado meu tio e mais alguns trabalhadores do aeroporto de Viracopos iam fazer um curso em uma cidade da República Tcheca. O voo deles ia fazer uma escala em Paris e iam ficar um tempo razoável aqui. Ficamos de tentar nos encontrar.

Estava tendo festa aqui na Maison du Brésil nesse dia (tema para outro post), e não ouvi ele ligar no meu celular. Quando vi a chamada perdida, foi um parto para conseguir falar com ele. Não conseguia com Skype, com meu celular e nada. Finalmente consegui mandar SMS pelo Skype, e ele me ligou de novo.

Falou que eles decidiram ver a Torre Eiffell (já esperava isso) e combinamos de se encontrar em baixo dela. Saí meio que correndo porque pelo horário que combinamos para mim estava meio apertado.

Quando saio de um metrô para fazer baldeação, eis que encontro um grupo olhando uma das placas. E quem eu vejo: meu tio. Eles estavam MUITO perdidos.

Daí fui guia de Paris por umas 2h. Levei eles* na Torre (fizemos a baldeação certo), depois voltamos para a Notre Dame, onde compramos 10 kebabs para eles irem comendo no caminho. Foi bem legal (acho que para mim e para eles).





*Eu sei que está errado o pronome, mas quero deixar esse blog com um registro oral.