Friday, August 23, 2013

Rússia - A volta

Previously in Croissants quânticos

Assim que acabou a conferência, todos os russos se viraram para ir embora, enquanto que os estrangeiros não tinham tanta flexibilidade de horário, só iriam embora no dia seguinte. Combinamos de ir jantar e dar uma andada pela cidade.

Uma hora, estavamos vendo no mapa o que fazer, um nativo passou por nós de bicicleta e ficou olhando dando risada. Achei bem deselegante.




No dia seguinte, era o dia de voltar para a França. Estava meio ansioso porque estava esperando uma aventura igual a da ida. No final, tudo que deu errado na ida, deu certo na volta. Consegui despachar a mala direto para Paris e fiz checkin da viagem inteira em Ecaterinenburgo. O único ponto a se ressaltar é a desconfiança da mulher na imigração para eu sair da Rússia. Eis o diálogo (traduzido):
Ela: Você é brasileiro?
Eu: Sim.
Ela: E você vai para Paris para pegar o vôo de volta para o Brasil?
Eu: Não, eu moro em Paris.
Ela(com uma cara de desconfiada): Mora em Paris?
Eu: Sim, tenho visto. Pode olhar.
Ela, ainda com cara de desconfiada, olhou o visto, passou a unha para ver se não era falso e falou: OK, pode ir,

No avião, estava em um assento no meio. Do lado tinha uma mulher de meia idade forte. Ficou meio apertado eu do lado dela. Ela me solta um:
- É ruim duas pessoas grandes juntas, né?

No final a terceira pessoa não veio, e sentei na janela.

Eu vi que a mulher estava querendo conversar também, e na primeira oportunidade de smalltalks, começamos a conversar. Ela estava indo da Rússia para a França para o casamento da filha dela, que veio estudar aqui, conheceu um francês e ia se casar com ele. O pai da menina não aceitava o casamento e não ia. A mulher era professora de inglês, então foi tranquilo conversar com ela. Papo vai, papo vem, perguntei "E como era viver na URSS? Qual o sentimento de vocês hoje?".

Primeiro ela começou a falar que era bom para casais jovens, porque o futuro era menos incerto. Trabalho ia ter, então era mais seguro. Mas a parte que achei mais curiosa, é quando ela começou a ter uns argumentos de morais e bons costumes. "Naquela época, as mulheres não fumavam" e por aí vai. É bem curioso, porque isso são argumentos da direita brasileira.

Termina aqui minha trilogia sobre a Rússia. As fotos podem ser encontradas aqui.